Nove
Ele não saberia dizer quanto tempo havia passado. A cabeça baixa no automóvel, o olhar voltado para o livro e em seu rosto, a expressão de quem descobrira algo muito importante. Um sorriso contido, mas não o bastante para que pudesse ser notado. Logo nas primeiras páginas o texto descrevia a trajetória de seu tio, que há mais de vinte anos havia deixado o Brasil e seguido pela América do Sul. Jamais alguém tivera alguma informação a respeito do ele fizera ou o porquê dele ter escondido tais informações até mesmo da família. Mas o mapa estava lá, feito à mão, logo no começo do livro. O texto estava codificado, mas como a cifra já era uma velha conhecida sua e a emoção grande, a leitura fluía rápida. De repente o carro parou. Ivan levantou os olhos, percebendo o quanto avançaram na subida da montanha. O motorista, sempre de olhar atento, retirou do porta-luva uma caixinha e a abriu. O rapaz notou que a parte interna da caixa era um espelho rústico bem velho, com a qual começaram a fazer sinais luminosos em direção à casa, ainda distante, lá no alto da montanha. O carro somente seguiu viagem após uma confirmação luminosa vinda da antiga construção. O alívio era geral por parte dos ocupantes do carro. Agora subiam mais rápido e Suares, fazia questão de se mostrar feliz com o sucesso do transporte. Finalmente chegaram. Ivan levantou os olhos e percebeu a imponência da construção, diferente de todas as que havia encontrado pelo caminho. A “Grande Pedra” estava ao lado, produzindo uma enorme sombra ao seu redor, inclusive em uma parte da casa. Nesta sombra o carro foi estacionado. - Devemos voltar agora mesmo, mas você fica! – disse o sr. Carlos a Ivan. - Mas... - Não se discute algo que já estava previsto há mais de 20 anos... – disse Soares, olhando-o gravemente. Dito isso, entraram no carro e enquanto fitavam o rapaz desejaram-lhe sorte, partindo sem olhar para trás. Ivan encontrava-se sozinho diante de uma enorme pedra e de uma casa que inspirava um respeito assustador.
Naquele instante, a figura de Ana voltou-lhe à mente e a saudade ia começar a se manifestar, mas, na casa, uma porta começou a se abrir.
2 comentários:
Deu um aperto no coração quando vi o "0 pessoas escreveram algo importante"
Entãão... só pra deixar pegadas aqui, aí você tem certeza de que alguém leu isso aqui!
Eu li! E eu gostei! =)
E só mais um comentário pra combinar com o plural de "pessoas"!
(eu já tive um blog, e sei como incomoda a ausência de comentários!)
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