- Aconteceu algo aqui? – perguntou o pai, entrando rápido na sala.
O intervalo entre o primeiro e o segundo empurrões na porta serviu para eles afastarem-se. Seus olhares porém, diziam que algo mais acontecera e isso não passou despercebido ao velho pai.
Ana era rápida e dissimulou:
- Contei ao Ivan sobre o caderno – disse, olhando-o nos olhos.
- Bom, melhor assim. Apronte-se rapaz, faremos uma pequena viagem!
- Como? – Ivan olhou para o pai de Ana sem nada entender – Pode me chamar de Carlos, já passou da hora de nos apresentarmos.
- Mas pai, ele ia me explicar o que aconteceu! – disse Ana aflita.
- Eu é que terei que explicar muitas coisas a ele. Apronte-se. – disse olhando de novo para Ivan. – Meu amigo Suares chegará em poucos minutos.
Notando que os jovens ficaram olhando estupefatos, ele chegou mais perto e, abaixando o tom de voz, começou a contar-lhes algo que parecia ser um grande segredo:
- Vou lhes dizer algo sem rodeios, uma vez que a circunstância me impõe isso:
- Rapaz, sua vida corre grande perigo. E é claro que, sendo assim, a sua presença nessa casa nos deixa à mercê de acontecimentos que eu gostaria de evitar. Levarei você para um lugar seguro, mas para isso é preciso que sejamos rápidos.
Nesse mesmo instante, ouviram o barulho de um carro estacionando. Duas buzinadas avisaram sua chegada. O pai abraçou a filha, pediu para que ela ficasse atenta e saiu. Ivan, por sua vez, olhou-a ternamente e, como não tinha alternativa, seguiu o senhor Carlos. Ela acompanhou-o de longe: ele entrou em seu quarto, pegou sua mochila e foi para o carro. – tudo isso em poucos rapidamente. O barulho da porta se fechando foi ouvido juntamente com o motor sendo acelerado. Minutos depois, a poeira mostrava um percurso em direção ao meio do deserto.
Ana não se lembra de quanto tempo ficou parada naquela porta e também não sabe dizer se alguma outra perda havia lhe causado tamanha dor ao coração. Ficou com o olhar perdido durante muito, mas muito tempo e, pela primeira vez, desde a morte da mãe, chorou.
Ela não falou com ninguém naquele dia. O bar ficou com suas portas fechadas, obrigando viajantes a caminharem mais à procura de comida e abrigo. E ela pensava se teria valido a pena sentir o que sentiu...
domingo, 29 de julho de 2007
Sete
Eles não saberiam dizer quanto tempo o beijo durou, mas jamais esqueceram o susto ao ouvirem um estrondo vindo da porta velha da sala. Alguém tentava abri-la e somente conseguiu no segundo empurrão.
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2 comentários:
Ansiosa para o próximo capítulo!
Intrigante.
Esperando pelo próximo capítulo.
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