Desde pequeno fui um jovem tímido e que procurava satisfazer a sede de conhecimento nos livros. Lia e escrevia bastante. Meu primeiro desejo foi a coleção completa do Monteiro Lobato, mas, na impossibilidade de tê-la, fui emprestando os livros um a um na biblioteca da escola. Nesta época, eu também adorava jogar futebol, porém, como a bola me atrapalhava um pouco, comecei então a me dedicar à bicicleta, esporte pelo qual desenvolvi uma grande paixão.
Descobri que gostava de falar aos outros na quinta-série: fiz um trabalho sobre minhocas e tive que apresentá-lo ao colégio inteiro – achei o máximo poder responder perguntas e participar da curiosidade dos meus colegas, apesar do tema.
Passados vários anos, já no cursinho, tive contato com professores cuja didática maravilhosa me fez definir de uma vez por todas que o que eu mais queria fazer na vida era ser professor.
Pena que esta certeza do coração não pode se manifestar de pronto, uma vez que não se esperava em minha família um filho “se formando para dar aulas”.
Na época do vestibular a promessa de fazer Engenharia parece ter oferecido uma certa trégua aos ideais estabelecidos, porém, a inscrição no curso de Física e o prosseguimento no mesmo mostraram a minha real intenção aos meus familiares.
Nesta época, participei de um grupo de teatro, algumas competições de ciclismo e, sem perceber, dei-me o direito de viver um dilema entre seguir minha vocação ou atender apelos exteriores: parei a faculdade para poder refletir o que eu queria de verdade em minha vida. Passei algum tempo perambulando pelas bibliotecas da USP – a da Filosofia era a minha preferida.
Resolvi trabalhar um tempo e, depois de dois empregos frustrados, voltei aos estudos. Antes de me formar já iniciava a minha vida de professor. Pela primeira vez na vida eu me levantava muito feliz com o que eu ia fazer em meu dia.
Creio que não se pode viver o que não se sente. Não dá para se decidir por alguma atividade somente porque “neste momento esta profissão está em alta”, tudo isso passa, muda. Mas o que não muda é a nossa vocação, aquela vontade interior de interagir com determinada área de conhecimento e que, se vivenciada nos dará muita felicidade. Acredito que é nisso que devemos colocar todos os nossos esforços. Aventurem-se a seguir seus corações!
4 comentários:
Odeio a idéia de ter que escolher o que ser para o resto da vida aos 16 anos.
E mesmo sabendo que seria muito feliz dando aulas para crianças não sei se posso mesmo seguir a área de pedagogia... Momentos muito difíceis esses da vida....
Aos 22 anos, ainda reluto sobre o que realmente escolher para fazer como profissão. Na época de Etapa (e de aulas muito bem ministradas pelo Sr. Reiss), todos me incentivavam a ir para a Física, onde realmente encontro muita facilidade. Porém, não me vejo pesquisando, não me vejo atuando em áreas que possam utilizar a física como instrumento, seja na arquitetura, na engenharia e eticétera. Eu havia escolhido a área de exatas por não saber lidar muito com as pessoas, às vezes, tão ilógicas. Porém, para complicar mais, percebi, já na faculdade, que sou muito mais humano que poderia pensar. Foi então que pensei na psicologia, na literatura (tão chata em outras eras), na música. E como eu amo a música. E não me incomodo mais com o que serei como um profissional porque sei que demorará até encontrar o meu lugar. Enquanto isso, seguirei meu coração... nunca pensei que eu pudesse dar aulas "oficialmente" um dia, mas adoro. Falar com as pessoas, ensinar, ver que elas ficam felizes ao aprender o que tanto custou para entender. É gratificante. Então, que eu use o que sei por enquanto até que a profissão certa se revele.
Nossa, professor, por mais que eu ouça a importância de seguir essa vontade, esse desejo de fazer algo que dá tanto prazer a ponto de trocar por um milkshake de chocolate do new dog, não consigo...nao sei por que!!! faço direito, ainda estou no segundo ano, mas não me vejo em lugar nenhum, e o prejuízo disso pra mim é imenso!!
qdo eu era vestibulanda, assistindo às suas aulas, achava que minhas angústias, pelo menos grande parte delas, sumiriam com a minha aprovação numa boa faculdade. olha o pensamento limitado da garota! passei e, doce engano, elas só aumentaram.. agora estou feliz por estar lendo o seu blog, acho que isso é um processo lento e desgastante, mas que agraga muitas coisas boas, como aprender a se conhecer. esses socos no estomago que a gente leva de vez em qdo é pra ficarmos espertos...quando eu descobrir o que eu querom realmente, farei o máximo para me livrar de tudo o que me prende à esse curso, enquanto isso, só fazendo direito mesmo..
falha na minha frase....estar lendo o seu blog NÃO é um processo lento e desgastante, eu quis dizer as aflições do coração! hehehe
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