Com destino...
quarta-feira, 3 de março de 2010
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Almoço com meus alunos
O deslumbramento que uma Universidade causa em um jovem não é muito diferente daquilo que eu ainda sinto. É muito bom viver o clima de uma Universidade! É muito bom estar rodeado de conhecimentos tão diversos e afins. – e tudo isso ao mesmo tempo.
Não demorou para ele me dizer que não sabe o que fazer diante de tantas escolhas disponíveis ao seu redor...
Seu pai, pelo que parece, o está ajudando muito. Mas mesmo assim e ainda assim, o processo é muito difícil.
É difícil, uma vez que quem escolhe a profissão é um adolescente. E esta é a idade de definir-se religiosa e eticamente, além de conceituar-se ideologicamente e, se der tempo, em relação às suas identidades sexual e ocupacional.
Poderíamos perguntar: “Por que o adolescente não consegue escolher?” Mas pressuponho que seja melhor perguntar “Como, vivendo todas estas mudanças e decisões, o adolescente ainda consegue pensar em escolher uma profissão?”
Foi muito interessante quando ele falou-nos – sim, estávamos em quatro pessoas na mesa, eu e mais três alunos – que não sabia o que fazer. Neste momento olhei para os outros e todos mostraram um ar de indecisão, com direito suspiros – não o doce, é claro.
Não sei como terminar este texto, se o que se espera dele é uma ajuda mágica neste processo. Mas, posso finalizá-lo com alguns dizeres que tirei do excelente livro “Orientação Vocacional”, de Rodolfo Bohoslavsky. Segundo o autor, quem está escolhendo algo fica às voltas com os seguintes questionamentos:
“Quem se quer ser e quem não se quer ser”
“Quem se crê que deva ser e quem se crê que não deva ser”
“Quem se pode ser e quem não se pode ser”
“Quem se permite ser e quem não se permite ser”
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Depois do Oscar...
Este só pára de tocar se você montar o quebra-cabeça...
E o terceiro atira uma hélice pelo quarto. Você tem que pegá-la se quiser silêncio!
Interessante usá-los?
Sim, pois quem "perde a hora" e um compromisso, este sim, "desperta-a-dor" em si!
O médico
A vida do “rapaz do post anterior” nunca mais havia sido a mesma. Um trocadilho havia alterado a rota de seu destino.
Sofreu muito. Chorava em praça pública e nem os pombos lhe davam trégua.
Por várias vezes comeu no Mac Donalds. Retirava a bandeja do balcão com as mãos tremendo, pois sabia que cada abocanhada lhe diminuiria a vida em alguns meses, mas mesmo assim o fazia. Ouvia músicas com “letras fáceis e repetitivas”, pois queria desesperadamente aprender a não pensar...
Mas, em um dado momento, Roberto Esquilo – antigo Robelto, o “Belto” – percebeu que, de nada adiantaria a sua lamentação e que seria muito melhor usar a desgraça a seu favor.
Tomou algumas decisões, estudou muito, prestou vestibular e passou em uma conceituada Universidade.
A partir daí estudou mais ainda. Parecia que uma força sobre-humana lhe impelia as ações. Era elogiado por quase todos os seus professores. Diziam “pelos corredores” que Roberto tinha nascido para “aquilo”.
Formou-se médico e seguiu a especialização em endocrinologia.
Mais alguns anos foram colocados e retirados das folhinhas dos calendários...
Finalmente, chegou o dia com o qual Roberto sonhou há anos: iria ser colocada a placa com seu nome em seu próprio consultório. Ele sabia que nascera para isso. Se em algum dia longínquo havia sofrido devido a um trocadilho, agora tinha certeza que iria dar a volta por cima e, usando o mesmo artifício, mudar a sua vida.
A placa foi colocada: Clínica de Emagrecimento” e os dizeres: “ Onde o quilo se transforma em ex-quilo, palavra do Dr. Esquilo!”
As pessoas passavam e riam, mas ficavam curiosas para saber como o “Esquilo” as faria ter “ex-quilo” – ou o seu plural, claro – e a clínica vivia lotada.
Passado pouco tempo, um efeito muito interessante se fez notar: vários pedidos de mudança de sobrenome começaram a aparecer no fórum da cidade. E até de profissionais em vias de se aposentar...
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Roberto ou Robelto?
Ele não gostava de seu nome. Também, fora registrado errado. Seu pai, na semana de seu nascimento, havia ficado muito resfriado e, com voz fanhosa disse ao escrivão:
- Meu filho vai se chamar “Robelto Esquilo”.
- Como, senhor? É Roberto, não é? – perguntou o escrivão.
- Robelto! – repetiu o pai.
- Bom, se é Robelto, então fica Robelto mesmo. - disse o escrivão.
E assim ficou: Robelto.
Não adiantava falar para os outros sobre sua preferência em ser chamado de Roberto. Os próprios familiares haviam se acostumado com a sonoridade de “Robelto”. E com o passar do tempo, os mais íntimos até começaram a lhe chamar de “Belto”.
A raiva contida, devida ao estranho nome que tinha, começou a se desfazer quando descobriu que seria possível mudar de nome.
Procurou um advogado e entrou com o pedido. Foi aceito e o nome corrigido.
Havia completado dezoito anos e ganhava o melhor presente de sua vida: a partir de agora passaria a se chamar Roberto Esquilo.
Não se continha em contar a novidade. Ansioso, não via a hora de encontrar alguém para declarar-se Roberto.
Até que um dia, ao dizer seu novo nome em uma roda de amigos...
- Vocês sabiam que eu mudei de nome?
- Sério, como você se chama agora? – perguntou uma garota da roda.
- Mudei meu nome para Roberto!
- Ah! Roberto, que legal! – disseram algumas pessoas.
- Mas, espere aí, seu nome não era Robelto e todos te chamavam de “Belto”? – perguntou um rapaz.
- Sim! – afirmou Roberto, o antigo Robelto.
- Ah! Entendi! Você é Roberto, o “ex-Belto”! – esbelto! – Por isso que está tão magro! Que tal ser modelo?
Todos riram.
A piada de que Roberto era “esbelto” se espalhou e ele foi até convidado para fazer propaganda de remédio para emagrecimento.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Papai Noel, me traz uma profissão?
- Não vou fazer a última prova! Quero me matricular em um curso pré-vestibular. – ou seja, ele decidira também não fazer as provas de segunda fase.
“Ele”, é um rapaz de 17 anos, que acabou de concluir o ensino-médio. Aluno muito aplicado, tem enormes chances de ingresso em excelentes Universidades públicas, nos cursos mais concorridos.
Será que ele desistiu do seu futuro? Está amedrontado? Sente que pode fracassar?
Respostas: Não, não e não!
Simplesmente, – e isso não é tão simples assim – ele não sabe que caminho seguir em sua vida e, está tão confuso no momento, que teme ficar mais confuso ainda se for aprovado em algum curso, por isso optou por não fazer o restante das provas.
Quando eu soube disso, senti uma imensa amargura. Lembrei-me o quanto foi difícil a minha escolha, assim como a dos meus jovens amigos lá no longínquo final da década de 80. Comecei a pensar que quando escolhemos algo, temos necessariamente que relegar ao abandono vários outros “algos” muito queridos por nós. Veio-me à mente a necessidade de definição de um papel social para o indivíduo. Mas não pude deixar de sentir o horror que isto causa ao mesmo individuo que deseja liberdade para se expressar e ser o que quiser.
Lembrei-me que o jovem é jovem demais para deixar de ser jovem e parece que escolher é deixar de ser.
Isso tudo passou muito rápido por mim.
A vontade que eu tive foi de encontrar esse meu aluno de 17 anos e lhe dizer que um dia eu também me perdi e que hoje, por muitas vezes, ainda me perco.
Não sei se isso lhe faria bem...
Outra vontade que tive foi a de dizer a ele que saísse pelo mundo.
Viajar, fazer amizades novas, conhecer outras culturas, trabalhar, isso tudo faz um bem danado.
Mas eu não o encontrei e as aulas já acabaram...
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Quase
Ainda pior que a convicção do não,
É a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda,
Que me entristece,
Que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
Quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,
Nas chances que se perdem por medo,
Nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.
A resposta eu sei de cor.
Está estampada na distância e na frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços,
Na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima,
O amor enlouquece,
O desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor.
Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo,
O mar não teria ondas,
Os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina,
Não inspira,
Não aflige nem acalma,
Apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão,
Para os fracassos, chance,
Para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Piadas que conto em sala de aula e ninguém ri...
Os alunos ficaram sem entender o que eu falava.
Continuei...
- Sabe o que acontece? É que a esta hora da manhã, a minha tia já se levantou e está tomando o seu café. E ela é diabética, logo, procura usar adoçante.
- É, realmente ela está perto do “fim”. – eu dizia, fazendo um bom suspense.
- Como assim, professor? – perguntavam os alunos.
- Ora, ela já tentou usar aspartame e outras marcas, mas a que ela mais gosta é o “FINN”.
Alguns riem, mas não da piada...
sábado, 1 de dezembro de 2007
Nota de corte
Olhei para o lado. Uma simpática garota veio me cumprimentar.
Lembra-se de mim? – perguntou a garota – Ano passado, Unidade São Joaquim, sala 25, fileira da frente...
Sim, eu me lembrava dela, nem precisava me passar tantas informações. Os alunos talvez se surpreenderiam se soubessem o quanto são lembrados pelos professores, é só dar um tempinho para acessar a memória...
- O que você está fazendo? – perguntamos quase ao mesmo tempo um para o outro.
Ela sorriu sem poder se conter:
- “San Fran”! – tradução: Direito na São Francisco.
E eu, cuidando dos meus filhos, – um menino de quatro anos e uma menina de dois anos – e tentando evitar que eles escapassem, simplesmente falei:
- Ah! Direito...
E ela um pouco indignada disse:
- Professor, é Direito na São Francisco!
Na verdade, se pudesse, ela diria:
- Professor, se liga! Consegui entrar em uma das melhores Faculdades e você só me diz isso?
Percebi minha mancada involuntária e durante a conversa procurei me redimir, até que, ao se despedir, ela me disse:
- Eu queria te contar uma coisa: - Sabia que, na primeira fase, eu fiquei um ponto acima da nota de corte?
- Professor, todos me diziam para esquecer a São Francisco!
-Ninguém passa na segunda fase com uma nota baixa na primeira! – era o que falavam.
- Pois eu passei professor! E gostaria que você falasse sobre isso aos seus alunos.
Nos despedimos. Eu saí muito feliz com o encontro inesperado.
Desde aquele dia fiquei pensando no que ela falou e nas muitas variáveis que poderiam ter ajudado ou atrapalhado sua nota: “um ponto acima do corte.”
E eu não gostaria de discutir aqui estas variáveis, mas simplesmente afirmar que quem “passou raspando” continua na luta, ainda que tenha que lutar também contra as estatísticas. – o que é muito mais interessante, por ser mais desafiador.
Nada substitui a vontade, o desejo de conquistar algo. É muito importante que nos deixemos surpreender por nós mesmos. É no limite do que somos que aprendemos a “ser mais”. Frases óbvias? Pois então, lembremo-nos sempre delas!
Faça um acordo com o seu coração e combine com ele manter sempre aceso o desejo de vencer. E fica aqui o meu desejo sincero que você consiga!
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Nove
Naquele instante, a figura de Ana voltou-lhe à mente e a saudade ia começar a se manifestar, mas, na casa, uma porta começou a se abrir.