- Não vou fazer a última prova! Quero me matricular em um curso pré-vestibular. – ou seja, ele decidira também não fazer as provas de segunda fase.
“Ele”, é um rapaz de 17 anos, que acabou de concluir o ensino-médio. Aluno muito aplicado, tem enormes chances de ingresso em excelentes Universidades públicas, nos cursos mais concorridos.
Será que ele desistiu do seu futuro? Está amedrontado? Sente que pode fracassar?
Respostas: Não, não e não!
Simplesmente, – e isso não é tão simples assim – ele não sabe que caminho seguir em sua vida e, está tão confuso no momento, que teme ficar mais confuso ainda se for aprovado em algum curso, por isso optou por não fazer o restante das provas.
Quando eu soube disso, senti uma imensa amargura. Lembrei-me o quanto foi difícil a minha escolha, assim como a dos meus jovens amigos lá no longínquo final da década de 80. Comecei a pensar que quando escolhemos algo, temos necessariamente que relegar ao abandono vários outros “algos” muito queridos por nós. Veio-me à mente a necessidade de definição de um papel social para o indivíduo. Mas não pude deixar de sentir o horror que isto causa ao mesmo individuo que deseja liberdade para se expressar e ser o que quiser.
Lembrei-me que o jovem é jovem demais para deixar de ser jovem e parece que escolher é deixar de ser.
Isso tudo passou muito rápido por mim.
A vontade que eu tive foi de encontrar esse meu aluno de 17 anos e lhe dizer que um dia eu também me perdi e que hoje, por muitas vezes, ainda me perco.
Não sei se isso lhe faria bem...
Outra vontade que tive foi a de dizer a ele que saísse pelo mundo.
Viajar, fazer amizades novas, conhecer outras culturas, trabalhar, isso tudo faz um bem danado.
Mas eu não o encontrei e as aulas já acabaram...