quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O amor.

[Para ser grande]

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ode de Ricardo Reis (Fernando Pessoa).

O rapaz decorara esse poema. Sua vida jamais fora fácil. A família nunca se mostrou estável o suficiente para ele sentir-se “em casa”. Seus gostos jamais encontravam eco naqueles que o rodeavam. Sozinho seguiu sempre o seu caminho. Mas agora era diferente: ele amava, e fazia isso com todas as suas forças. Havia conquistado a grande capacidade de entregar-se totalmente aos sentimentos. Porém, esbarrava em um empecilho: a reciprocidade daquela que por ele era amada.

Quem nunca viveu esta situação? Esta semana, um aluno veio me falar que estava amando e não sabia como fazer para ser correspondido. Ele relatou-me com tal emoção o que sentia pela garota, que fiquei tocado. Não soube o que dizer. Como passar a ele a idéia de que o amor é um processo natural? Ele ocorre através do olhar, de uma conversa sem palavras especiais, ele nos circunda e está dentro de nós. E ainda é intenso e maravilhoso demais para poder ser gerado ou forçado. Como falar ao rapaz que o medo da aproximação era injustificado, pois ele não poderia jamais criar o que não existia e, portanto não poderia se sentir culpado se algo desse errado. Como falar para ele – que estava tomado pela emoção – que o processo seria simples: bastaria chegar perto e assistir - sendo ator ao mesmo tempo - o que aconteceria?

Estou torcendo por ele, espero que você também!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Psicologia simples.

Certa vez eu vi um pequeno texto em um livro de psicologia que propunha um exercício interessante:
Imagine-se morto.
Calma, é somente imaginação!

Sim, imagine o seu enterro e pense nas pessoas que viriam se despedir de você.
Dentre estas pessoas, escolha quatro que lhe sejam muito importantes e cuja opinião você respeite muito.
A primeira pessoa pode ser seu esposo ou esposa. Pense nele ou nela falando de você. O que você fez, quem você foi, em que área trabalhou, como agia com os outros...
Pense nas outras três pessoas chegando junto a você e contando sobre seus feitos. Dê asas à sua imaginação. Você pulou de pára-quedas? Escalou montanhas? Acampou? Viveu grandes aventuras? Disse que amava quando teve vontade? Roubou quantos beijos? Respeitou-se, sendo fiel aos seus sonhos? Sentiu molhar-se por uma chuva de verão? Trabalhou ou brincou mais em sua vida? Sorria quando acordava ou mostrava insatisfação? Fez o que o seu coração pediu ou deixou que os acontecimentos deixassem te levar?
Desculpe-me estender tanto esta lista de “coisas legais”. É que conforme eu ia escrevendo, lembrava de vontades que ainda não realizei e comecei a curtir e...

Bom, o final do exercício é verificar como você se sente. As decisões que você está tomando hoje estão te levando para o que você quer ser ou para aquilo que é mais fácil fazer ou aparentar? Sei lá, estas perguntas são doloridas, mas tem que ser feitas. Por favor, não imagine estes questionamentos com teor de auto-ajuda, mas sim com teor de “eu preciso me lembrar da fazer isto”. As coisas mais simples são tão prazerosas e tão fáceis de esquecer de fazer...

Acho que escrevi demais.
Agora vem a pergunta: o que você gostaria de fazer?
Seu sonho está próximo? Não vá responder o clássico “Ah, o meu sonho pode ser encontrado na padaria da esquina...”, por favor, hein?

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Piu - piu monstro!


Sabem, meus alunos sempre me chamaram de Piu - Piu Monstro. Não quero discutir em público a veracidade desta afirmação, ou o fato de eu ter uma cabeça um pouco avantajada e um nariz pronunciado... bom, deixa para lá.
O que acontece é que isto tem ajudado em minha profissão.
Pense bem: eu dou aulas de matemática e uma vez ou outra me deparo com questões de resolução difícil. Aí é que vem a grande sacada: se eu sou realmente o Piu - Piu Monstro, então, "muito daquilo que vejo na minha frente é BICO". Percebeu? Percebeu? E então eu resolvo os problemas com muita facilidade!
Não precisa rir se não quiser!

domingo, 23 de setembro de 2007

A FUVEST e o futuro.

"-Por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
-Isso depende muito de para onde queres ir –
respondeu o gato.
-Preocupa-me pouco onde ir – disse Alice.
-Nesse
caso, pouco importa o caminho que sigas – replicou o gato."

(Lewis Carroll – Alice no País das Maravilhas)


Nas últimas semanas, aconteceu algo que muito preocupante: alunos escolhendo o seu curso para a Universidade.
A ficha de inscrição para a FUVEST foi entregue na última semana e, com ela, um novo rumo para o futuro.
O peso desta decisão é maior em uns, menor em outros.
Já presenciei decisões fáceis que, depois de alguns meses - dentro da Universidade, - se tornaram arrependimento – a minha inclusive. Por outro lado, alguns alunos que se sentiam inseguros quanto à escolha, mostraram-se plenamente satisfeitos com o desenrolar de seu curso de ensino superior.

Nesta mistura de possibilidades, fico imaginando o quanto o “não ter ainda escolhido o caminho” influencia o desenrolar dos estudos. Ora, saber para “onde se vai” nos dá certezas que permitem construir sonhos, promove alegria, gera vontade, nos impulsiona sem que notemos. A incerteza, por sua vez, parece que nos impede construções mais sólidas do pensamento, nos relegando a questionamentos dispersos e, a perda de tempo e o cansaço emocional são as conseqüências imediatas.

E a escolha baseada em motivos que não dizem respeito ao coração? Creio ser esta a que mais nos engana, uma vez que nos dá a falsa impressão de que “tudo está bem, já escolhi o que quero ser na vida”. Porém, algo lá no fundo quer ser ouvido para poder dizer: “Quero outro futuro! Quero ser feliz!”. Fico imaginando de onde um aluno tira forças para a maratona de estudos à qual ele é submetido se não escolheu seu futuro com o coração...